sábado, 9 de abril de 2011

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Vamos falar de relacionamentos. Ou apenas relacionamento, como um conceito. Para ser o mais pontual possível, relação de poder. Toda essa questão sobre a disputa de quem é o mais forte, bonito, esperto, ou melhor, necessário. Essa vontade infantil que sempre carregamos de ser vital importância para alguém ou para alguns. Uns até conseguem a proeza de ser para todos.
O problema, na verdade, não é o “ser importante” para alguém, pois assim o conceito de amor cairia em terra. O problema são os mecanismos usados para essa guerra subliminar nos relacionamentos. Essa coisa de ferir o outro de uma maneira que só você é capaz de sanar a dor. Julgamentos, ofensas, ataques à auto-estima, agressões emocionais (às vezes até físicas), comparações, influências, opiniões vãs...
Formas de subjugar o outro de um jeito que este, sinta uma culpa intima, profunda e incompreensível, de que seu parceiro (ou amigo, ou parente) está em um pedestal, em um patamar superior, de que é algo sagrado e inviolável. Claro que isso, na grande maioria das vezes, não é unilateral. Ambos constroem um relacionamento sobre os alicerces do medo, da insegurança. Tornando todo relacionamento em jogos constantes de batalhas emocionais.
O que percebo é que é quase impossível os “relacionados” se darem conta no quando, como, e até aonde vai aquilo que é começado. Entenda aquilo como guerra de poder, de necessidade. Simplesmente não se é percebido, pois existe aquela ideologia falsa sobre o que é o amor, sobre o que é o gostar, sobre limites de respeito. Não percebem o quanto é opressor e egoísta a alimentação de seus próprios egos. Ego dominando ego. O quanto tudo isso pode ser limitador.
Limitação? Sim. Quando um ser se faz de mais inteligente, bonito, sábio, experiente que o outro. Essa intimidação do sentimento alheio sobre si mesmo. Isso dá uma sensação de inferioridade praquele que é o alvo. Que é menos. Que não vale muito. E claro que, como todos sabem, um relacionamento tem como uma de suas bases o equilíbrio das partes, assim aquele que se sente inferior tenta, também, de modo geralmente igual na qual este foi oprimido, trazendo seu opressor ao seu nível de miséria.
Às vezes isso é feito de forma instintiva, ou de defesa, como quando aquele que foi primeiramente oprimido, ataca nos pontos fracos do opressor, deixando de fazer aquilo que o outro considera radicalmente como certo ou mesmo o oposto, fazendo algo que o outro enxerga como irremediavelmente errado.
E essas pequenas intrigas se tornam grandes brigas, ou mágoas profundas, cicatrizes. Parte daí a limitação. Parte daí a desconstrução do seu “eu”. De sua auto-imagem. E esse estrago é o que faz outra pessoa importante, pois são nessas falhas que o outro entra em nós. Preenchendo buracos que esses mesmos causaram.
Conclusão? Sei que as palavras aqui expostas parecem duras e sem esperança. Como se eu estivesse tentando criar uma indagação sobre o quão ruim pode ser as relações sociais e amorosas. O que quero indagar na realidade é: o porquê é tão necessário magoar o outro para ter essa falsa sensação de segurança, de dever cumprido. Ou porquê é tão necessário a presença da outra pessoa para suprir nossos defeitos. Talvez o inverso, como o porquê sou tão subjugado, o que nele é tão revoltoso em mim?
A verdade é, pelo menos a minha verdade, é que qualquer forma de relacionamento saudável é aquele que ambas as partes se apóiam. Onde haja respeito real, admiração real entre as partes. Confiar não apenas em suas qualidades e defeitos, mas também em como este é, no como ele age, em seus dogmas e códigos pessoais, em seu caráter, em seus sentimentos.
Bom, mas parece que nessa vida moderna na qual tudo é rápido, prático e fácil, as pessoas não se interessam mais em conhecer os outros profundamente. Mais parece que a superficialidade é a moda que impera. Que tocar na ferida, que a intromissão, que a falta de respeito, que a vontade do outro não existe. Que é mais divertido massacrar alguém. Julgar.
Deve haver o momento em que as coisas tomem suas formas e suas devidas posições. Mudanças de postura fazem com que a vida flua mais facilmente. Se importar menos e respeitar mais.

terça-feira, 5 de abril de 2011

in. .versos

Acordei de um sonho
ou talvez de um pesadelo
à procura de um acalanto
dessa vida em desespero

Já ví feto em absorvente
Já ví morte em suicídio
Já perdí muita gente
Já fui traído por Amigos

Já entrei em brigas feias
Já, muito, apanhei de graça
Já sorri prum inimigo
Já chorei minha desgraça

Já enterrei minha mãe
Meu avô e minha tia
Já enterrei gente em vida
Já fiz ode para a morte

Já fumei os meus cigarros
Já bebí minha birita
Já borrei as minhas calças
Já cutuquei em ferida

Fiz muita gente chorar
Assim como essa gente já me machucou
Já tentei injustiçar
Aquele que me inocentou

Eu já cuspí no prato
Já me vinguei do culpado
Já me torturei inconsciente
Já me ví atrapalhado


Assim como nesses pobres versos
Vivo a vida por palavras simples
Mesmo que a simplicidade falhe
No que minh'alma admite